Tem um momento na carreira de todo professor de esporte que ele para e se pergunta: "Estou só ensinando técnica ou estou realmente formando pessoas?"
Essa reflexão me bateu forte há alguns anos, quando recebi uma mensagem de um ex-aluno já formado: "Professor, obrigado por ter me ensinado que perder faz parte, mas desistir não. Isso me ajudou muito mais na vida do que qualquer cortada."
Foi aí que entendi: nosso papel vai muito além de ensinar fundamentos. Somos formadores de caráter, e isso é uma responsabilidade gigantesca.
Você É Mais Que Um Técnico, É Um Espelho
Jovens atletas não fazem só o que você fala, eles fazem o que você faz. Eles observam como você reage quando o time perde, como trata um jogador que está indo mal, como se comporta com a arbitragem.
Uma situação que me marcou: Num jogo da categoria infantil, discordei de uma decisão do árbitro e fui meio ríspido. No intervalo, ouvi meu capitão falando com o juiz do mesmo jeito. Ali percebi: ele estava copiando meu comportamento.
Desde então, faço questão de ser o exemplo que quero ver nos meus atletas. Perdeu um ponto? Respiro fundo e foco no próximo. Árbitro errou? Aceito e sigo o jogo. Jogador frustrado? Escuto, acolho e oriiento.
A Técnica Ensina, Mas o Caráter Transforma
Qualquer manual de vôlei te ensina como fazer uma manchete perfeita. Mas nenhum manual te ensina como ajudar um garoto de 14 anos a lidar com a frustração de estar no banco.
Situações reais que vivo constantemente:
- O atleta talentoso que acha que não precisa se esforçar
- A menina tímida que tem potencial mas não se arrisca
- O garoto que vem de família desestruturada e vê o time como refúgio
- A adolescente que se cobra demais e surta quando erra
Cada um desses jovens precisa de uma abordagem diferente. E isso não tem nada a ver com técnica esportiva, tem a ver com formação humana.
Os Pilares da Formação Que Levo Para Quadra
Depois de anos trabalhando com jovens, identifiquei quatro pilares fundamentais que guiam minha atuação:
1. Resiliência: Ensinar que Cair Faz Parte
Vôlei é cruel com quem erra. Cada erro vira ponto pro adversário. Isso cria uma pressão psicológica única, especialmente em jovens.
Minha estratégia:
- Celebro tentativas corajosas, mesmo quando dão errado
- Conto histórias de grandes jogadores que passaram por momentos difíceis
- Crio situações de treino onde o erro é parte do aprendizado
Frase que mudou minha vida: "A diferença entre um campeão e um perdedor não é a quantidade de erros, é como cada um reage ao erro."
2. Trabalho em Equipe: Mais Que Cooperação, É Empatia
Esporte coletivo ensina que seu sucesso depende do sucesso do outro. Mas jovens são naturalmente egocêntricos. Como equilibrar isso?
Estratégias práticas:
- Rodo as posições para todo mundo experimentar diferentes responsabilidades
- Crio desafios onde só conseguem ganhar se todos participarem
- Converso sobre como cada função é importante, mesmo as menos "glamourosas"
Exemplo concreto: Tenho um exercício onde o levantador joga de olhos vendados e depende totalmente da comunicação da equipe. Resultado: todo mundo entende na prática o que é interdependência.
3. Disciplina: Não É Obediência Cega, É Comprometimento
Muitos confundem disciplina com autoritarismo. Disciplina verdadeira é ensinar o jovem a se comprometer com aquilo que escolheu fazer.
Como trabalho isso:
- Explico o "porquê" de cada regra, não apenas o "o quê"
- Deixo claro que estar no time é uma escolha, não uma obrigação
- Crio consequências lógicas, não punições arbitrárias
Mudança de mindset: De "você tem que fazer isso porque eu mandei" para "você escolheu estar aqui, então vamos fazer direito".
4. Autoconhecimento: Conhecer Limites e Potenciais
Jovem atleta vive entre dois extremos: achar que é invencível ou achar que não serve para nada. Nosso papel é ajudá-los a encontrar o meio termo realista.
Ferramentas que uso:
- Conversas individuais regulares sobre performance e sentimentos
- Autoavaliação após jogos e treinos
- Estabelecimento de metas pessoais e coletivas
- Exercícios de reflexão sobre pontos fortes e fracos
Os Momentos Que Mais Formam
Não são os treinos técnicos que mais marcam os jovens atletas. São os momentos de crise, de decisão, de superação.
Situações formadoras:
- A derrota dolorosa: Como você ajuda a equipe a processar e aprender
- O conflito entre colegas: Como mediar e ensinar resolução de problemas
- A pressão da competição: Como preparar psicologicamente para grandes jogos
- A escolha difícil: Quando o jovem precisa decidir entre esporte e outras coisas
Erros Que Já Cometi (E Você Pode Evitar)
Erro 1: Focar Só nos Talentosos
Durante muito tempo, dei mais atenção aos atletas com maior potencial técnico. Resultado: perdi jovens que poderiam ter se desenvolvido e criei um ambiente competitivo tóxico.
Aprendizado: Todo jovem merece oportunidade e atenção. Às vezes, quem parece menos talentoso no começo se torna o mais dedicado depois.
Erro 2: Não Estabelecer Limites Claros
Tentei ser o "professor legal" que era amigo de todo mundo. Acabei perdendo autoridade e alguns atletas se aproveitaram disso.
Aprendizado: Você pode ser próximo e humano sem deixar de ser respeitado. Limites claros protegem tanto você quanto os jovens.
Erro 3: Pressionar Demais Nos Resultados
Houve um período que fiquei obcecado por vitórias e acabei transmitindo uma pressão excessiva para os atletas.
Aprendizado: Resultado é consequência de processo. Se você formar bem as pessoas, os resultados aparecem naturalmente.
O Que Mudou na Minha Abordagem
Antes: "Vou formar campeões de vôlei" Depois: "Vou formar pessoas melhores através do vôlei"
Essa mudança de perspectiva transformou tudo. Os atletas ficaram mais felizes, mais comprometidos, e curiosamente... os resultados esportivos melhoraram também.
Sinais de Que Você Está no Caminho Certo
Você sabe que está fazendo um bom trabalho formativo quando:
- Ex-atletas voltam para visitar e contar como o esporte os ajudou na vida
- Os jovens se tornam mais responsáveis em outras áreas (escola, casa)
- Eles começam a resolver conflitos sozinhos, usando o que aprenderam
- Demonstram respeito genuíno por adversários e árbitros
- Apoiam colegas que estão passando por dificuldades
A Conversa Mais Importante
Todo final de temporada, faço uma roda de conversa com uma pergunta simples: "O que vocês aprenderam sobre vocês mesmos esse ano?"
As respostas nunca são sobre técnica. São sempre sobre superação, amizade, persistência, liderança. E é aí que eu sei: estou cumprindo meu verdadeiro papel.
A Responsabilidade É Nossa
Quando um jovem atleta entra na nossa quadra, ele não está apenas buscando aprender vôlei. Ele está buscando referências, modelos, direcionamento para a vida.
Nós podemos ser mais um adulto que passa conhecimento técnico, ou podemos ser alguém que realmente faz diferença na formação de um ser humano.
A escolha é nossa. A responsabilidade também.
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